Falar a verdade é um valor pessoal, sempre muito bem-vindo e deve ser praticado nas nossas vidas. Mas, de um modo geral, todos nós já mentimos por algum motivo. Seja por não querer se expor, por medo de magoar alguém ou por uma questão social. São inúmeros motivadores.
Mas e as crianças, por que elas mentem se não estão totalmente inseridas no modelo de socialização amplo que pode provocar essa atitude?
Até os 4 anos, a criança ainda não tem o pensamento totalmente organizado. Por isso, é possível que, com frequência, ela misture realidade com fantasia, mesmo sem querer. Sim pais! Fantasiar, imaginar, criar ... fazem parte importante da formação da inteligência emocional dos pequenos.
Ao fantasiar, a criança aciona seu potencial de criatividade e assimila valores, além de expressar suas emoções. Por exemplo, os pequenos usam os heróis como inspiração para aquilo que desejam praticar ou aquilo que pensam que não conseguem dar conta. Dessa forma, começam a romper seus limites emocionais e a gerar senso de realização. Muitas vezes, a intenção da criança ao mentir ou inventar uma história é satisfazer sua necessidade ou agradar aos outros. Por esses motivos, ela encontra na fantasia a forma de ser aceita e compor esse cenário que lhe parece conveniente e favorável.
Além disso, o cérebro infantil está em plena formação e permite esse vai e vem, o que não configura, em nenhuma hipótese, desvio de caráter. Até porque seria muito cedo para se chegar a essa conclusão ou colocar o rótulo de mentirosa na criança.
Muitas vezes, quando as crianças verbalizam o processo de imaginação, inventando histórias, alguns pais já consideram isso como uma MENTIRA e brigam com a criança, fazendo, assim, com que ela tenha seu lado lúdico e criativo limitados. Claro que os pais devem acompanhar essas “viagens mentais”, porque a criança não tem muito claro os níveis de risco e a diferença entre realidade e fantasia. Mas como identificar e orientar a criança sem restringir a criatividade? Você pode ficar atento e perceber se esse tipo de situação perdura por muito tempo. Além disso, é muito importante tentar identificar os motivos pelos quais a criança mente.
Por exemplo: ela pode mentir por medo de apanhar ou ser reprimida. Se ela mente por medo é porque, em algum momento, se sentiu ameaçada. Nesse caso, a mudança partirá dos pais, para que a criança não tenha mais medo. Vale uma auto avalição sobre o estilo de parentalidade que pode ser representado pelo autoritarismo. Sugiro leitura do post que falo sobre Tipos de Parentalidade. Acho que você pode gostar!
Outra razão clássica para a mentira infantil é quando a criança se compara a outras e deseja se igualar. Nesse caso, ela mente para atingir uma posição de status perante as demais. Quando ela diz que também domina determinada matéria ou que também consegue realizar uma tarefa inadequada para sua faixa etária pode significar que esteja se sentindo inferiorizada e mentindo, para atingir senso de pertencimento ao grupo. Esse tipo de mentira, também ocorre muito entre irmãos, como forma de competição interna pela atenção dos pais.
Para apoiar você a lidar com a mentira do seu filho, vou dar 3 estratégias bem simples e fáceis de aplicar:
Primeira: Pratique a “escuta ativa” e tente entender o que a criança está dizendo. Abra um canal de diálogo pautado na confiança, evitando, assim que a criança sinta medo de expor seu pensamento. Pode ser uma necessidade não atendida e, assim, você poderá negociar se vai atender ou não. Brigar não resolve;
Segunda: Explique a diferença entre o que é real e o que é imaginário, para, assim, definir limites entre o que pode e o que não pode. Um dos papéis dos pais é assegurar a integridade física e o bem-estar dos seus filhos. Por isso, limites servem para proteger os pequenos;
A terceira estratégia é: Não fazer “joguinhos”. Se você já sabe que algo de errado aconteceu, não crie armadilhas, para pegar a criança na mentira. Essa abordagem é inadequada, porque, nesse caso, você, também, estará mentindo e manipulando a criança... Essa atitude pode gerar desconfiança e afastamento dos pequenos. Se você quer a verdade, seja honesto primeiro.
Com o passar do tempo, a relação entre vocês se tornará, cada vez mais, estreita e afetuosa, minimizando as chances do seu filho esconder coisas importantes de você e pedir ajuda fora de casa.
No mais, com carinho, atenção e respeito você conseguirá vencer esse desafio.
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Não escolhemos a forma como fomos educados, mas podemos decidir como vamos educar nossos filhos. E aí, qual a sua escolha?
Forte abraço e até o próximo post!